quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Menos falsos padrões, Mais Mulher Gato

A versão original e a versão atual da CatWoman Zero

No dia 09 deste mês, a DC Comics, grande editora norte-americana de histórias em quadrinhos, anunciou que a ilustração de capa original da HQ Catwoman Zero passaria por “sutis modificações”, devido à polêmica causada pelo conteúdo extremamente sexy.

A primeira versão da arte mostra Selina Kyle – a Mulher Gato – numa posição anatomicamente impossível, de modo que os seios seminus e as nádegas “emplastificadas” não se deixem ignorar. A Guillem March, o autor da “façanha”, foram solicitadas as devidas alterações. Na nova versão – ainda sensual, mas não mais pateticamente apelativa – fecharam o zíper acima dos seios da personagem. Além disso, ela agora aparece de joelhos, e não daquele jeito estranho, tipo Mulher Elástica.

A reformulação não agradou a todo mundo. Para alguns fãs de quadrinhos, tratou-se de censura. Censura? Ou será que reelaborar com mais responsabilidade e bom senso alguns detalhes da arte-matriz é algo digno e legítimo? Será que vale a pena continuar estrunchando personagens femininas em nome da continuidade do estereótipo construído para agradar a olhos e pélvis masculinos-heterossexuais?

A “armadura desprotetora” e as curvas superdefinidas continuam disfarçadas de “traços da personagem”. E muitas das mulheres voadoras, superpoderosas e exterminadoras do mal ou do bem, nos quadrinhos, continuam injetadas de padrões fictícios, que insultam a personalidade e a beleza multiforme das mulheres que vão até a banca de revistas adquirir uma HQ.

A nova Mulher Gato da capa não chega a ser um referencial anti-machista na cultura pop. Mas a atitude da DC Comics de reformular detalhes grotescos e ofensivos é, no mínimo, animadora.

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